TEXTOS E CITAÇÕES

 

Serenata

Se hoje uma vida ferida vem com tudo me seduzir lá do fundo do poço da minha coragem, com uma serenada pra me contar que posso desistir...Após tanto credo em um dias mais mansos, uma alma mais em paz, colher as frutas do tal de dom, mereço me desapegar do fim das coisas. Finito sempre fui, isso sou eu, nem que eu almeje sei me deixar tombar pelo caminho.
Vou amar. Ser a bravura de me arruinar pelos meus becos luminosos de SER até o fim.
O que não sei é desapegar do meu bucólico império felizmente abatido, habilmente capitão das fraquezas alheias.
Vou que vou, como penacho broto no córrego do ar solto da boca sublime de um vento.
Vou chegar lá... perto! Contornar o quarteirão dessa vida importuna

 

Cores Trocadas

Ainda tenho guardado um resto de você
São coisas que esqueci de tirar do coração
Pedaços de Felicidade amassados
E escondidos na solidão
Não vejo problema em perder nossas coisas
Quantas palavras podem esconder-se nos momentos?
Penso até em não me esforçar para lembrar
Quantos sorrisos fiquei te devendo
Sei também que estou guardado em você
O meu jeito é muito pesado pra você tirar do coração
Derrubei muita alegria no teu passado
E minha voz você lembra em qualquer canção
Agora a gente brinca de viver sem
Mas às vezes enjoa de não ser tão feliz
E Sente Saudade da falta de assunto
Que é melhor que qualquer palavra que se diz
A Saudade gosta de inventar umas dores
Que só em poemas consigo encontrar
Resto de tristeza que você esqueceu
Peças que montamos e não sabemos desmontar.

 

 A MORTE DA FELICIDADE

Dificil aceitar que felicidade também morre
Qualquer sentimento está sempre entre a vida e a morte.
As vezes preciso olhar para o lado e ver se não estou de mão dada com o passado
(Abre pequeno sorriso) Passado… Quantas vezes me pego tentando ressussitar o passado ao invés de engravidar o presente pra fazer nascer alguma coisa nova… colaborar um pouco com a vida, que me cobra andar para frente!!!!
Tudo que vivemos, todas nossas historias tem sempre duas versões: uma de como ela aconteceu fora da gente e a outra versão de como ela aconteceu dentro do nosso peito.
A minhas historia na maioria das vezes são tristes, confusas e verdadeiras por dentro e engraçadas, mentirosas e simples por fora.
São poucas as vezes que estou vivendo fora a mesma coisa que vivo por dentro. Meu personagem e meu ser sempre estão desafinados, andando em ritimos totalmente diferentes.Talvez por esse motivo eu me sinta sempre tão perdido, andando em varias direções ao mesmo tempo.

 

Rascunho noite-noite

1

Ele tem pensado em se matar. Olhado para o céu diariamente, sentindo-se mau. Mora sozinho em um apartamento que por fora é todo cinza, todo antigo. Tem sentido muita saudade. E quando a bola chutada errada pinga e bate em sua janela, lembra-se, quer se matar. Nunca pensou como, só aquele “como” clichê: revolver. Sente saudade. Bebe sempre. Começou a fumar. Trinta anos, não sente a idade nem se o vento tem lhe roubados cabelos, ou se a falta dela lhe cava rugas. Ele não sabe chorar, nem tenta, mas chora, seco, surdo e mudo, quase analfabeto da dor. Pensa em se matar. Começou a escrever musicas, assim como quem vai ao banheiro. Tudo tem perdido o sentido. Está aprendendo a beber wisk e dar goles maiores, antes só cerveja e gelada. Sente uma saudade filha da puta. Os vizinhos tem reclamado da altura do som. Gosta de acordar e ver que já é quase noite, nunca se mataria a luz do sol. Não tem vontade de machucar ninguém, nunca teve, nem sabe brigar. Vai até a cozinha, senta na maquina de lavar, abre a janela, fuma cigarro, as vezes tosse, bebe, pensa em como sarar, sanar. Na maioria do tempo tem achado charmoso morrer cedo. No fundo gosta de viver, ainda mais fundo, sente saudade. O interfone toca, algum amigo quer subir, nunca atende, quer se sentir sozinho, sente preguiça em escutar vozes, historias com dores menores. Bêbado liga o chuveiro, nunca entraria, apenas o liga. Gosta daquele som de água, está bêbado. No ponto bom. Pega papel e a caneta. Aumenta mais o som: RadioRed. Pensa em se matar. Nunca teve diário, mas tem escrito sobre si. Principalmente sobre ela. Sobre o cheiro de jardim completo que ela tinha. Ele só escreve bêbado. Tem cara de bom sujeito. Amou algumas vezes, só pelas que lhe roubaram o amor próprio. Toca a campainha, algum amigo conseguiu abrir o portão lá de baixo. Ele não sente muita fome, na geladeira cheia de imã apenas água pra ressaca e aqueles temperos que ela deixou nas prateleira do canto da geladeira e que ele nem notou que existem. Ele não tem uma vida ruim, só sente uma saudade insuportável. Tem miojo no armário. Ela que comprou e parece que esse negocio nunca acaba. O mundo lhe parece bizarro, as pessoas tem acordado muito cedo. Depois de acordar a ultima coisa que faz e colocar o telefone no gancho. As vezes sente-se mais gordo, menos divertido e longe da família. Pensa em comprar um cachorro, mas também pensa em viajar de repente, não quer que mais um animalzinho morra. Ama bichos e filhos, não tem nada, nem ela. Quando pensa em se matar tem medo de errar o tiro e passar o resto da vida na cama. Pior que o medo de morrer é o medo de morrer errado e seguir vivo parado. Gosta de saber que existem outras mulheres, porem sente-se cansado de reviver as coisas bonitas, os inícios, as decepções. Não sabe se quer. No fundo não tem feito nada de muito errado, e até é um cara bonito, mas sente-se menor. Sabe não ser louco, sente-se varias pessoas, como se trombasse varias vezes no dia com vários de si e mudasse de opinião, não sabe em qual de si acreditar... até chegar a noite. Só sabe beber a noite. Gosta de futebol, não tem jogado nem visto, sente muita saudade dela e tem escrito diariamente. Nunca acorda com a mesma opinião que dormiu, mas ao final do dia sempre volta a ter a mesma opinião; Vive em um rodamoinho. Mora em um apartamento pequeno, admira quadros, mas os que gosta custam caro, então preenche as paredes com pôster de filmes e palavras que escreveu com caneta bic. Não escuta vozes, não mexe com espíritos, dorme sozinho, até escuta barulhos, fecha a porta do quarto pra não inventar vultos. A cabeça no travesseiro tem o cheiro e o jeito dela. Tem começado a se acostumar com a saudade. A maioria das frases e palavras que fala arranja um jeito de chegar ao nome dela. Sente algum tipo de esquizofrênico de esperança. Bêbado perde vários tipos de medo. Não lê o que escreve. Quer se dedicar a alguma coisa nova mas não sabe o que. Esforça-se quase o dia inteiro pra esquecer o numero de telefone dela, sabe que a cada minuto do dia que passa torna-se mais vulnerável. Nunca parou pra saber que cor mais gosta, não cobra nada de Deus, mentira, atualmente começou a ter mais fé só pra vê-la voltar pra casa. Veste sempre calças, lhe trazem algum tipo de respeito consigo mesmo. Nunca foi vagabundo, porem nunca teve grandes responsabilidades, nem empregos que lhe fizessem acordar cedo. Lógico que sonha. Talvez essa seja sua maior virtude, e desespero: a intensidade com que sonha com as coisas. A ágüa lhe inspira, odeia jogar baralho, lá pelos vinte e cinco anos passou a não gostar de jogar nada, só depois percebeu.Tem pai, tem mãe, tem irmão e irmã. Está longe de tudo e de todos, mas sente-se amado porem tem pensado em morrer. Será que gosta de ser triste¿ Pensa que isso vai passar, não ao ponto de desistir. A vida não tem meio termo...

2

Começa a escurecer, quase seis e meia, tem aprendido a ficar sozinho, muita coisa na cabeça. Solidão, multidão invisível, cheia de silencio, cheia de idéias novas. Comprou cortinas grandes para não amanhecer antes dele dormir, pra claridade ter a mesma agressividade que a ressaca.

 

Armário

Tenho vestido mal a minha cara
Meu estado tem perdido as fronteiras
Em cada canto meu: desafinadas esquinas
Respiro os atos dolorido, grossos... perfeitos
Lua quadrada, amor revolto, destino redondo
Vai e vem da putaria do meu pesadelo mais bonito: arte sorrindo pra sombra da insônia
Abro minhas costas para as letras da vida escrever sobre a minha pele
Ando meio traumatizado de nós dois e principalmente do que tenho feito comigo.
Tenho sido a moldura do meu porta retrato.
Deixei as ondas quebrarem a vontade
Minha razão tem andado bem, porém meu peito não sobe faz tempo para respirar.
Qual rua tem parado para meu jeito atravessar?
Será que o mundo tem nuca pra eu beijar?
Esse tal de azul regrado sente arrepio?
Músculos magros de um poema invencível e perdedor.
Tesouro esquecido, mapa ilegível, riqueza dourada de solidão, pirata dos sonhos, bandeira sem mastro erguida nos braços do ideal falsificado do olhar alheio e alado no galope de um rabisco nada selvagem...
Um rascunho educado
Palavras criadas em cativeiro
Difícil é sobreviver prestando atenção sobre-o-viver.
Solidão é chique, ouro gasto consigo
Papel de parede instinto se deixando escutar secreto em caneta bic.
Dói ocupar o próprio espaço em branco.

 

 

Aquarela da saudade

Diante desse colossal sono que a falta dela me trás,
A ausência me apanha a vontade de existir
Sem a terra dos nossos toques, habito as lacunas do viver
Um sol sem farol para aclarar essa dor e apagar a sombra que me nubla o peito
Um riacho sem entusiasmo ancorou sua correnteza na solidão e perdeu o motivo para desaguar em qualquer outro ventre
Afinal minha fruta tem sabor de nada se a boca que me abocanha não tiver os lábios da amada
Lágrimas de letras, aquarela angustiada, mancham o branco linho que bem vestia nossa paz
Jazz o nosso “de hoje em diante” e a historia passa a ser escrita “de cá para trás”, batemos a porta do amanhã na cara da felicidade, libertando da gaiola somente a araponga do passado, e em um vôo franco, apenas as recordações alcançarão nosso céu, somente lembranças transarão o nosso ardor
Um pouco morto...eu vivo! Por muito pouco... não levanto! Com tanto pranto... não tenho socorro! Sem o seu sopro... meu vento é o choro! De qualquer morro... desabo amargura! Na secura da saudade... atado me esqueço! De um grande amor...vencido despeço! Meu preço no agora...é uma nota rasgada! O afeto se lançou da escada...partiu nosso sonho ao meio.




"DEUS É DEUS"

Desenhei Deus em um papel, após varias tentativas descobri que Deus era o papel... porem de tanto errar, aprendi a desenhar todo o resto. Me senti vivendo a cada rabisco, Porem, certo dia, encontrei um caderno no chão todo escrito por Deus...Que estavam já futuramente datilografadas nessa mesma folha branca: A VERDADE EM VERSICULOS. Apartir disso juntaram tijolos, educaram indios, queimaram doces mulheres, até comprovarem apenas HUMANAMENTE, que Deus está no acerto, ou seja, as falhas do homem estão na desatenção de Deus. Ah. foda-se os homens e os ratos, e a igreja dos dois.
Igreja conta que certos homens sabem desenhar Deus...e algumas vezes até cobram pelas linhas em nome do papel que só quis ser branco e perfeito como toda soma de cores.
Não sou ateu, pelo contrario, acredito tanto em Deus, que duvido dos homens que falam em nome dele da mesma forma que nunca deixaria uma formiga escrever minha biografia.
Bicho é bicho,Deus é Deus e ponto.